quarta-feira, 28 de maio de 2008

O PAC emPACa o PIG!

Que é verdade que a mídia (PIG) é de direita, defende o pensamento reacionário e a manutenção do sistema capitalista que tanto benficia à sua elite, isso todos sabem.

Que Lula é 3 vezes o oposto disso tudo, a gente sabe. Nordestino, origem pobre e de pensamento progressista.

Mas a mídia (PIG) agora defende meio-ambiente e defende o relatório da Anistia Internacional! (Veja aqui, como o PIG defende o relatório).
Isso seria motivo para o presidente se esbaldar em gargalhadas. E talvez o PAC seja a coroação de sua estratégia que agora se evidencia, mas que a esquerda mais radical entende tão mal quanto a direita e a mídia golpista. É uma estratégia a se dizer, no mínimo, astuta. E Lula pode se considerar o presidente mais perspicaz de nossa história. Afinal, com suas manobras políticas e ideológicas, está sendo o presidente que tem tudo o que tiveram Vargas e Jango, em um só. Me explicarei.

Quando Lula ganhou a eleição, o PIG atribuiu provavelmente a sua vitória a um lapso da oposição, ou talvez, à incompetência dos concorrentes. Mas subestimaram a força de seu governo. Para eles, qualquer mequetrefe comunista que se sujeitasse a fazer reforma agrária, a estatizar empresas etc, seria escurraçado pela elite, pela mídia, pela classe média (que sonha em ser elite, e nunca será), por Washington e toda a galera golpista-neoliberal derivada. E foi aí que Lula (e não o PT) foi visionário. Ele fez o inesperado por todos. Não fez nada nos moldes socialistas tradicionais e transformou os neoliberais. Através de programas sociais e econômicos, o Brasil melhorou a vida dos pobres e avançou com a economia, ao mesmo tempo. Algo que a esquerda não acreditava, devido ao seu forte idealismo enraizado nas alas provenientes dos movimentos de 68 e do regime militar, e que a direita ignora ou atribui a sorte.Alguém que não gosta do Lula, pois acreditou em tudo que a Globo e a Veja o acusaram, vai dizer que ainda existe violência, má gestão, saúde precária, educação inexistente... e cairá no que o PIG tenta convencer: o que tem de bom é sorte o que tem de ruim há, no mínimo, 500 anos, é culpa do Lula. O problema não é ver se ainda há ou não problemas no país, afinal, claro que há! E sempre vai haver! A questão é o empenho do governo em minimizá-los a curto e longo-prazo. E isso, qualquer um que ainda duvide, pode pesquisar que vai achar!
Voltando à astúcia do governo, a oposição achou que seria fácil descreditar um governo trabalhista até que este sucumbisse. Afinal, a esquerda é o inimigo natural da direita. Mas o que fazer quando o governo faz o que qualquer governo tucano faria? Só que, para contrapor, faz de melhor o que qualquer governo socialista faria?

Quando digo que a coroação dessa estratégia foi o PAC, me refiro a 2 fatos recentes evidenciaram o desnorteamento, a falta de argumentos, falta de idealismo, falta de ética, falta de compromisso com o país, falta de atitude e IMATURIDADE dos opositores de Lula. Os dois fatos são: As obras do PAC nas proximidades do rio Xingu e o Relatório da Anisitia Internacional em relação ao Brasil. Os temas foram um dilema para o PIG. Eles simplesmente não conseguiram enxergar, nessa peça pregada pelo governo, o que deveriam achar disso tudo.

No primeiro episódio, sobre o PAC no Rio Xingú o dilema era: EmPACar o PAC X Marginalizar os Índios. Optaram por fazer um pouco dos dois e acabaram brandos e contraditórios. Não podiam marginalizar muito os índios, como de costume, pois, para isso, teriam que legitimar as obras do PAC. E o inverso disso também não funcionaria, pois teriam que legitimar a soberania indígena, o que afirmaria o neoliberalismo como uma política opressora.

No segundo episódio, agora o da Anistia, o jornal O Globo e a Folha Online defenderam o Relatório. Estes, que sempre marginalizam instituições de Direitos Humanos e sempre apóiam as operações do BOPE nas favelas, chegaram até a falarem em "assassinatos", quando dizendo das operações nas favelas. Mas de novo, culparam o PAC pelos desrespeitos aos Direitos Humanos. Os leitores mal-informados dessas corporações de mídia discutem: "A Anistia não presta!". Me pergunto: Estão eles defendendo Lula? Outro diz: "O PAC é um lixo". Estão eles defendendo os Direitos Humanos, os pobres favelados nas mãos do BOPE? Em qualquer uma das hipóteses, o PIG tomou uma rasteira: Sua fabriquinha de subjetividades não está funcionando com esse presidente que governa para gregos e troianos.

"Brasil: Um país de todos", lembram? O seu significado, assim como sugere, agrada a todos.

Em tempo: Talvez a pergunta de PHA esteja respondida. Ele tinha dúvidas sobre porque o Lula não enfrenta o PIG. Porque ele quer dar o nó no PIG.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Reflexões de 1º de Maio: Profissional

Quem nunca ouviu a frase: "Você deve separar o profissional do pessoal" ? É sobre isso que me auto-indaguei durante o Primeiro de Maio. Estava eu nas comemorações de 1º Maio em Campinas, onde pude perceber que essa festa tem um grande caráter socialista e classista. "Standes" da União da Juventude Socialista, do PCdoB, da CUT, Força Sindical e várias outras centrais sindicais do país promoveram o evento. Posteriormente militantes do PTB bradavam suas bandeiras.

Durante o evento era sorteado um carro. A multidão se amontoava em volta dos representantes da empresa que dera o carro para sorteio perguntando-os sobre horário do sorteio, distribuição de cupons, entre outras informações. A moça que respondia, estava sendo grosseira, atravessando a todas as perguntas com respostas do tipo: "Eu não sei de nada, só estou dizendo o que me passaram". No momento, tentei compreender o fato de essa pessoa ser uma assalariada, tanto quanto todos os presentes, e de que não era nada agradável trabalhar no feriado. No entanto me veio à cabeça: "Profissionalismo". Comecei a filosofar sobre isso, então.

PROFISSIONALISMO

Na concepção do profissionalismo, o comportamento correto dessa trabalhadora deveria ser de, como representante da empresa que sorteara o carro, fornecer as informações com um mínimo de respeito aos participantes do concurso, sendo educada simplesmente e atendendo aqueles que justificam sua presença ali. Percebi então que, se por um lado, sermos profissionais nos atribui uma ética de conduta para com as pessoas, na condição de clientes, como estes sendo a razão da existência de nosso posto, por outro lado, é uma permissão para nos distanciarmos do respeito ao próximo na condição de pessoas, cidadãos.
A medida em que a conduta "profissional" se torna um pretexto para submetermo-nos às condições impostas no trabalho, que muitas vezes são adversas e até mesmo contra nossas naturezas ética, étnica, cultural, religiosa, moral e humana, as relações de trabalho entram em atrito. O patrão que demite o funcionário que tem família para sustentar, contas a pagar e que provavelmente não conseguirá outro emprego tão fácil, livra-se da consciência ao estar exercendo o papel de patrão e tudo que isso significa no seu ambiente de trabalho ou na sociedade. Ele não tem culpa pessoal pela desgraça do seu funcionário, pois isso compete à esfera profissional. Lhe permite focar-se apenas no bom funcionamento da empresa para qual trabalha e de qual é cobrado por tal conduta de "profissionalismo". Não importa, nesse caso, o que é ético. Importa o que a empresa e seus patrões em questão julgam ser ético. Não é raridade, no entanto, empresas julgarem ético aquilo que lhes beneficiam em números. Isso vaza a cada nível dentro de uma empresa, forçando trabalhadores a romperem qualquer vínculo "humano" com seus semelhantes, dificultando a união de classe. Para o "profissional", não é possível enxergar outros níveis hierárquicos como sendo semelhantes a ele. Dentro da empresa, patrão é uma "raça" diferente, segundo essa conduta. Ao perceber isso, os funcionários também a adotam, distinguindo assim, chefe de pessoa.

Sendo assim, então, eu acho que patrões não deveriam mandar funcionários embora, certo? Errado. Definitivamente não acho que seja por aí. Não podemos abusar desse conceito perversamente, porém. Não podemos simplesmente ignorar o esforço do trabalhador e sua condição social em relação ao que a empresa o oferece e apenas contabilizarmos os números. Isso é uma conduta primitiva, mas muito aceita e corriqueira, ainda. Desrespeitos a outros trabalhadores, no entanto, não deveria ser tolerado nesse "regime". E é totalmente o inverso.

PAPEL DA SOCIEDADE

Com visões distorcidas sobre profissionalismo é que a sociedade civil cobra cada vez mais dos trabalhadores, sem também considerarem suas condições, que muitas vezes são degradantes e ainda enfrentam trabalho caseiro diariamente, ao cuidar da família, da casa ou o que quer que seja. Eu achei que a moça estava sendo mal-educada. Mas a coisa se distorce, a medida em que essa atitude ativa nas pessoas o sentido de mercado e desperta o ser "profissional": "Se eu fosse o chefe dela, punha na rua!". Não paramos para pensar, porém, que a culpa pode TAMBÉM ser do chefe. Na medida em que este não proporciona condições agradáveis de trabalho.
A falta de respeito do funcionário com o cliente, também é gerada por uma visão deturpada de "profissionalismo". O funcionário enxerga o cliente como a "preciosidade" do patrão e por isso o ataca. Já que não pode atacar o patrão, desconta no fruto de seu lucro. Esquece que quem está do outro lado é uma pessoa e também trabalhador, provavelmente, e então perde o senso humano e pessoal ao enxergar o cliente apenas como mercado. Afinal, no horário comercial, a sociedade resume-se a produtos. Somos vítimas do profissionalismo. Não podemos condenar trabalhadores sob esse pretexto.

Não discurso aqui contra o chefe, nem contra o empregado. Digo a favor da justiça e da melhora da condição patrão x empregado. Nenhum deve ser julgado anteriormente, na minha concepção, condenados pela conduta "profissional". Isso é um erro. É a licença para sermos insensíveis em relação a nós mesmos.