quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Padre que desafiou o Santo

Torço pela vitória de D. Cappio e rezo para que ela não seja póstuma.
Esse é o primeiro motivo pela minha admiração ao padre, que está claramente disposto a levar sua luta até as últimas consequências, sob minha concepção, a verdadeira luta socialista, que tem como único objetivo o bem comum e o fim (ou pelo menos a oposição) da opressão elitista. A autenticidade socialista de um protesto, no meu
entender, é sempre evidente na ausência total do egoísmo e do individualismo e na busca pela vitória da causa incondicional, mesmo que essa só seja desfrutada por gerações posteriores, mas não menos iguais, à do próprio rebelde.
Aí está minha maior decepção com o governo. A opressão, com a coação da mídia, à uma causa tão nobre e humana, prosseguindo com as obras de transposição do rio e ignorando os fatores sociais que a mesma implicará.
Nessa discussão (sobre a transposição em si), me privarei de maiores detalhes, pois não estou a fundo no assunto. Apesar de enxergar claros interesses imperialistas nela. Contanto, fica aqui meu protesto a respeito da omissão de qualquer discussão acerca dos "efeitos colaterais" das obras.
Fique bem claro que não apóio a Igreja, quando apóio D.Cappio e que não apóio a partidos "democratas" (PSDB e DEM), quando me oponho a Lula. Pelo contrário, estou do lado das questões socias. Mesmo porque, a Igreja já se declarou contra a greve e nossa "oposição" brasileira está firme e forte com o Sr. Presidente pela transposição e pelo fim da greve de fome do padre.
A Igreja tem um histórico evidente de opressão às classes inferiores. Apesar das faixadas humanistas, os "comandantes" do alto clero sempre foram ativos na luta contra o povo e a favor das instituições que comandaram as sociedades ocidentais ao logo dos séculos. O rastro de sangue e falsidade ideológica da Igreja é marcante na sua história e a represália à população foi um dos principais motivos pelos quais a Igreja é o que é hoje. Porém, o mundo não é preto e branco. Há de se reconhecer, acima de qualquer oposição que eu tenha à instituição em si, que há homens de bem que levam a sério os valores humanistas, portanto, socialistas. Não são maioria, de fato, mas são homens que dedicam suas vidas às suas causas e princípios e, muitas vezes, são resistentes a corrupção, que para nós hoje é tão normal.
O sacrifício por uma causa não é uma tentativa de se passar por Messias, mas simbolizar a importância da vida, através da comoção de nossos semelhantes em relação a nós mesmos. É mostrar para o mundo que interesses de poucos nos nivelem por classes e desmerecem a vida dos menos afortunados.
O padré que desafia São Francisco simboliza a luta contra a própria doutrina, por um ideal ao qual ele se agarrou para seguí-la. O filhote que quebra o fruto de sua própria criação, em nome da evolução como ser.

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